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O Paraná se destaca na produção de cerveja. A cadeia produtiva passa pela agricultura, indústria e distribuição do produto, cada vez mais consumido em todo o Brasil.
Em 2020, o primeiro ano da pandemia do coronavírus, o volume de vendas de cerveja no país foi o maior dos últimos seis anos. O Brasil foi o único dos cinco maiores mercados mundiais de cerveja a apresentar números positivos em 2020, segundo um levantamento da Euromonitor.
Foram 13,3 bilhões de litros vendidos, perdendo para 2014, ano em que o país sediou a Copa do Mundo. Com o aumento do consumo, é preciso aumentar também a produção.
Dados da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) mostram que em todo o Paraná 204 estabelecimentos fabricam bebidas. “A gente vê que o crescimento é exponencial, tanto no Paraná quanto no Brasil. E há uma tendência de aumento nessas cervejarias”, destaca o economista da Fiep, Thiago Quadros.
Paraná como Polo Cervejeiro
Os setores automobilístico e de alimentos ainda são os que mais produzem no estado, mas os investimentos das grandes cervejarias têm chamado a atenção.
Nos últimos dois anos, um aporte de R$ 865 milhões aumentou em 75% a capacidade de produção de cervejas premium em uma fábrica em Ponta Grossa, nos Campos Gerais.
Outra cervejaria anunciou, no ano passado, investimentos que passam de R$ 1,240 bilhões para ampliar a produção de puro malte e começar a produzir garrafas de vidro que vão abastecer toda a região sul e sudeste.
O economista da Fiep, Thiago Quadros, ressalta que o crescimento das indústrias impacta em toda a economia do estado. “Acaba empregando pessoas ao redor dessas empresas, no comércio local. Porque as pessoas que trabalham, acabam consumindo localmente”, comenta.
Como a cadeia produtiva funciona em rede, para suprir uma demanda de décadas, um grupo de cooperativas deve investir cerca de R$ 1,5 bilhão na construção de uma fábrica de malte, principal matéria-prima para a fabricação da cerveja.
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Especialidade no agronegócio
Foto: Agência Estadual de Notícias
Além do destaque industrial, a especialidade paranaense é a cultura da cevada, matéria-prima para a produção do malte. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de toda a cevada produzida no Brasil, 72% é paranaense.
No ano passado, foram colhidos pouco mais de 5 milhões de toneladas de cevada em todo o país. O Paraná sozinho colheu cerca de 3,7 milhões. O segundo maior produtor é o Rio Grande do Sul, com 1,3 milhões de toneladas.
Mesmo com a expressiva produção na região sul e sudeste, mais da metade da cevada consumida no Brasil é importada. “A gente importa a maioria, mais de 50% do nosso consumo interno, da Argentina, às vezes vem cevada da Europa”, ressalta Rogério Nogueira, engenheiro agrônomo do Departamento de Economia Rural (Deral).
A região de Guarapuava é responsável por 64% da produção de cevada no Paraná, seguida pelo núcleo de Ponta Grossa, que produz 26% do grão. A cevada vai direto para as maltarias e o malte é vendido para grandes indústrias e pequenas cervejarias artesanais.
A nova maltaria nos Campos Gerais deve produzir cerca de 15% do consumo de malte atual de todo o país só na primeira fase, que deve ser concluída em 2028. A segunda parte dos investimentos deve ser finalizada em 2032
O empreendimento vai gerar cerca de três mil empregos diretos e indiretos, além de beneficiar aproximadamente 12 mil cooperados das seis entidades. Para Rogério Nogueira, a expectativa é de crescimento da produção nos próximos 10 anos.
Cervejas especiais
Foto: Redes Sociais
Publicado no passado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Anuário de Cervejas 2020 apontou um crescimento médio de 30% na abertura de novas cervejarias no Paraná nos últimos cinco anos.
O economista da Fiep, Thiago Quadros, explica que o aumento da produção pode estar relacionado à mudança de cultura da população. “Muito do que puxa esse crescimento são as cervejarias artesanais. Empresários que já entram direto no setor, a questão de ter virado um hobby, virando empreendedor”.
Foto: Internet
Com o aumento na produção de bebidas, o Paraná já é o quinto estado brasileiro com mais cervejarias, ficando atrás de São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Santa Catarina.
A qualidade da cerveja paranaense também chama a atenção. O cervejeiro Jackson Steudel produz a terceira melhor cerveja do mundo. Ele tem uma cervejaria em Ponta Grossa e recebeu o título no International Beer Challenge, da Inglaterra, um dos principais prêmios do setor.
Steudel prefere o nome “cervejas especiais” em vez de “artesanais”. O cervejeiro diz que é necessário manter a repetibilidade da receita durante a produção e por isso ela deixa de ser artesanal. “É uma cerveja diferenciada, de maior valor agregado devido à matéria-prima, mas é industrializada”, explica.
O cervejeiro afirma, ainda, que esse tipo de cerveja é novo no Brasil. “O auge de crescimento das micro cervejarias é agora e tem muito mais para crescer”, conclui.
O negócio da família de Hans Strasburger começou no século XVII na Europa. A tradição passou de pai para filho e de filho para neto. Atualmente, ele produz cerveja artesanal em Ponta Grossa há quatro anos.
“Abrimos alguma coisa em Curitiba e pelo site vendemos para o Brasil inteiro. Tem pedidos saindo de Ponta Grossa para todas as regiões do Brasil”, destaca.
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