Toda a vez que as coisas acontecem em uma velocidade intensa o olhar para o futuro fica nebuloso. As coisas não se resolvem de maneira rápida sem deixar sequelas do mal feito. Nosso tempo tem muito desta condição.
A quantidade imensa de informação que nos chega todos os dias, das diferente origens e sobre temas diversos, nos dá a sensação de olhar o mundo como quem pode acompanhar os desdobramentos dos fatos e entender sua lógica sistêmica. Uma ilusão.
A velocidade das coisas atropela a mente. Não há tempo para refletir sobre o que nos acontece com precisão e intensidade. Ficamos acelerados e perdemos o compasso da própria vida. Por isso, ficamos ansiosos. Sempre em busca do novo e nunca entendendo a lógica da novidade.
A verdade escorre pelas mãos quando não há uma percepção mais atenta do que sustenta os fatos. Não é por acaso que as teorias absurdas encontram respaldo e ganham adeptos. Os governantes que parecem caricaturas de gibis, surreais para o bom senso, emergem como possibilidade. Viram o poder.
Esta é a velocidade das coisas. Não há tempo para digerir. A pandemia é outro exemplo de como a tolerância com o tempo e a convivência com os outros é uma síndrome da vida urbana. Não queremos perder nada e acabamos ausentes de tudo. Nunca estamos comprometidos, sempre envolvidos superficialmente com a maioria das causas sociais.
Se queremos realmente compreender o que acontece a nossa volta, não devemos nos deixar levar pela velocidade das coisas. Olhar com mais atenção ao que nos cerca e compreender com cautela como nossa vida está interligada com a dos que nos acompanham. Não existe solução milagrosa e a velocidade das coisas esconde sua fragilidade.
Agir com ciência não tentar saber de tudo. O pouco que se é atento merece nossa atenção de fato e não apenas um olhar superficial. Saber que não se pode viver tudo ao mesmo tempo, mas alguma coisa o maior tempo possível. E isso, pode nos dar mais profundidade e conhecimento, mais convicções e ponderações do que esta fome incontrolável por tudo e que não nos alimenta em nada.
Ouça o comentário de Gilson Aguiar para a Rádio CBN Ponta Grossa:
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