A Polícia Civil de Ponta Grossa, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) e a Polícia Militar, com o apoio do canil da Guarda Municipal, realizaram nesta quarta-feira operações conjuntas para desarticular uma organização criminosa com atuação em Ponta Grossa, outras cidades do Paraná e em estados do país.
As investigações começaram após o setor de homicídios da Polícia Civil identificar que o grupo havia formado uma milícia privada para executar rivais e desafetos, o que contribuiu para o aumento dos homicídios na cidade. Durante as apurações, com o apoio do setor de inteligência da Polícia Penal, foi constatado que membros da milícia já eram investigados pelo GAECO por crimes como pertencer a organização criminosa e lavagem de capitais.
Para coordenar as ações contra o grupo, foi criado um grupo de trabalho integrado pela Polícia Civil, Polícia Militar e GAECO, sob a solicitação do delegado-chefe da 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa, Nagib Nassif Palma. Três inquéritos policiais foram instaurados para abranger as atividades criminosas do grupo:
O setor de homicídios da PCPR, chefiado pelo delegado Luís Gustavo Timossi, ficou responsável pela Operação Daybreak, que investiga a milícia envolvida em homicídios.
O GAECO liderou uma nova fase da Operação Pax, focada em identificar e desarticular os esquemas de lavagem de dinheiro da organização.
Em conjunto, a PCPR e a PMPR investigaram os vínculos do grupo com o tráfico de drogas e o porte ilegal de armas, culminando na Operação Concórdia.
Operação Daybreak
As investigações da milícia mostraram que o grupo de extermínio estava ativo em Ponta Grossa desde janeiro de 2023, sendo responsável por 21 homicídios consumados e seis tentativas de homicídio. As vítimas foram identificadas, incluindo pessoas como Elivelton William de Oliveira, morto em 29 de janeiro de 2023, e Marines Ferreira dos Santos, assassinada em 21 de agosto de 2024.
O grupo tinha ao menos 28 integrantes, incluindo seis adolescentes, que eram usados para reduzir o risco de punições severas devido à menoridade. A milícia era comandada por um indivíduo preso na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, que ordenava e acompanhava os crimes, muitas vezes em tempo real, por meio de chamadas de vídeo.
Durante as investigações, foram presas várias pessoas envolvidas, e seis adolescentes foram apreendidos. Diversas armas de fogo também foram recolhidas. Na ação de hoje, 16 mandados de prisão preventiva e 16 de busca e apreensão foram cumpridos, com a transferência do líder do grupo para o sistema penitenciário federal e o isolamento de outros três presos.
Além de crimes como formação de milícia, tortura e corrupção de menores, os envolvidos responderão pelos homicídios atribuídos ao grupo. As penas somadas para o chefe da milícia podem chegar a 750 anos de prisão.
Operação Concórdia
As investigações identificaram dois grupos ligados ao tráfico de drogas e ao porte ilegal de armas, com conexões com a milícia de Ponta Grossa. Foram identificados 11 integrantes, com o cumprimento de 10 mandados de prisão preventiva, 9 de busca e apreensão domiciliar e dois bloqueios de contas bancárias. As ações foram realizadas em Ponta Grossa, Ivaí, Carambeí e Curitiba.
Segundo o delegado Romeu Ferreira, mesmo com integrantes presos, os grupos continuavam operando por meio de colaboradores. As investigações seguem para localizar outros envolvidos e desarticular completamente as organizações.
O comandante do 4º Comando Regional da Polícia Militar, coronel Renato dos Santos Taborda, destacou que a sinergia entre as forças de segurança tem sido crucial para enfrentar o crime organizado. O nome “Operação Concórdia” reflete a aliança entre as instituições, com o objetivo de combater a criminalidade de forma integrada e eficaz.
As ações conjuntas demonstram a eficácia da integração entre a Polícia Civil, a Polícia Militar e o GAECO no enfrentamento ao crime organizado, segundo o delegado Nagib Nassif Palma. As investigações continuam.
Por Vitória Testa, com supervisão de Emmanuel Fornazari
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