Reportagem especial da CBN Ponta Grossa aborda sobrevivência dos circos tradicionais durante a pandemia e expectativa de retomada.
Uma das mais antigas formas de arte, o circo existe desde a antiguidade. Há registros de exibições de contorcionismo na sociedade grega, malabaristas no Egito e grandes arenas que recebiam o público no Império Romano.
No Brasil, a arte circense foi popularizada por imigrantes europeus a partir do século 19. Desde então, a tradição vem sendo mantida de pai para filho. As famílias circenses tem seu sustento no entretenimento itinerante.
Conforme um mapeamento feito pela Fundação Nacional de Artes (Funarte), o Brasil tem 651 circos, que concentram quase 10 mil pessoas. Na região sul, são 70. Como todo o setor cultural, essas famílias sentiram na pele os problemas da pandemia da Covid-19.
As lonas foram baixadas, as fantasias guardadas e a bilheteria teve que ser fechada. Uma das mais tradicionais famílias circenses do Paraná estava em turnê em março de 2020, quando os primeiros casos da doença foram registrados no estado.
Os integrantes do circo tiveram que se mudar para uma fazenda, na zona rural de Campo do Tenente, região metropolitana de Curitiba. A expectativa era ficar no local por dois ou três meses, mas não foi isso que aconteceu. A família ficou um ano e oito meses trabalhando na colheita de feijão, batata e milho.
Uma história de amor pelo picadeiro
O circo da família Zanchettini é um dos mais tradicionais do Paraná. A história começou em 1935, quando Célia Cabral Salgueiro fugiu com os quatro filhos de uma cidade no Mato Grosso do Sul depois que seu marido, então prefeito do município, foi assassinado. A família encontrou refúgio em um circo de ciganos.
Mas a tradição do circo só foi mantida pela matriarca da família, Wanda Cabral Salgueiro Zanquettin. A artista era filha de Célia Salgueiro e apaixonada pela arte circense. Dona Wanda morreu aos 88 anos em 2018. Desde a criação, o circo enfrentou a Segunda Guerra Mundial e o regime militar brasileiro. Mas só parou mesmo durante a pandemia.
Os artistas chegaram a fazer um espetáculo em movimento durante a pandemia, mas a retomada mesmo foi em setembro do ano passado. É a primeira vez que o circo paranaense vem Ponta Grossa.
Fora do picadeiro, os artistas aprendem outras atividades e atuam como mecânicos, administradores e eletricistas. O financiamento do circo vem da bilheteria e da venda de pipoca, refrigerante, maçã do amor e outros produtos típicos de circo.
Respeitável Público! Mesmo com os problemas enfrentados, a alegria do circo jamais morrerá, porque enquanto existir um sorriso de uma criança que vive em cada um de nós, o circo existirá.
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